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Geraldo de Barros e a Unilabor

Geraldo de Barros
construtivista Geraldo de arros

Geraldo de barros nasceu no município de Chavantes em São Paulo no ano de 1923 e veio a óbito em 1998, aos seus 75 anos. É complicado delimitar  a sua  principal área de interesse, já que e ao decorrer da sua vida teve vários ofícios como Fotógrafo, pintor, gravador, artista gráfico, designer de móveis e desenhista

Geraldo teve várias influências que propiciaram essa pluralidade. Estudou com Clóvis Graciano, Yoshiya Takaoka e Colette Pujol de 1945 a 1947, no mesmo ano fundou com Pujol o Grupo 15, composto de quinze pintores em sua maioria de origem japonesa. Inicialmente sua pintura se aproxima de tendências expressionistas, período que entra em contato com reproduções de obras de Paul Klee e Wassily Kandinsk, o que o leva a se interessar pela Bauhaus e pelo desenho industrial.

Em 1946  inicia pesquisa em fotografia em e no ano seguinte passa a frequentar o Foto Cine Clube Bandeirante, principal núcleo da fotografia moderna no Brasil. Geraldo de Barros, junto com Thomaz Farkas, German Lorca e José Yalenti, cada um com uma pesquisa individual, questionam a fotografia de tradição pictorialista  no Brasil que valorizava regras de composição clássica. Sua experiência investiga os limites do processo fotográfico tradicional ao realizar intervenções diretamente no negativo, múltiplas exposições da mesma película, sobreposições, montagens e recortes das ampliações que questionam o formato retangular da fotografia. No seguinte faz a exposição fotoforma onde mescla desenho, fotografia e ilustração que quebrando vários paradigmas institucionalizados pela a academia.

Seguindo a área artística Geraldo é contemplado por uma bolsa do governo francês e estuda gravura e artes gráficas na Escola Nacional Superior de Belas Artes, em Paris, em 1951. No mesmo ano, frequentou a Escola Superior da Forma, em Ulm, Alemanha, onde teve contato com as teorias concretistas do suíço Max Bill. É nesse encontro que tem a gêneses do movimento da arte concreta no Brasil.

Já no Brasil obtém grande destaque por abrir um novo debate para a arte abstrata, nova discussão que envolveu  Anatol Wladyslaw, Waldemar Cordeiro, Luiz Sacilotto e Lothar Charoux na formulação  do Grupo Ruptura, que marca o início da arte concreta no Brasil. Em contato com as teorias da Gestalt, busca estabelecer uma unidade estrutural da obra com rigorosa vontade de ordenação regulada por princípios matemáticos.

“O momento da ruptura concretista no Brasil não poderia ser mais propício, pois a ideia de colocar o trabalho artístico a serviço do progresso industrial ia ao encontro das aspirações mais ampla da sociedade brasileira” pag.9

Em termos gerais, o grupo defende a autonomia de pesquisa com base em princípios claros e universais, capazes de garantir a inserção positiva da arte na sociedade industrial. Para um artista concreto, o processo artístico desconfigura a ideia de pura ornamentação e assume simplesmente a concreção de uma ideia perfeitamente funciona. Para eles, toda obra de arte possui uma base racional, em geral matemática, o que a transforma em "meio de conhecimento dedutível de conceitos". No âmbito da pintura, esses princípios correspondem à crítica do ilusionismo, à recusa do tonalismo cromático e à utilização de recursos visuais para a criação do movimento. Lançam mão também do uso de materiais como esmalte, tinta industrial, acrílico e aglomerado de madeira, destacando a atenção do grupo ao desenvolvimento de materiais industriais “crus” como aço e cimento seguindo essa onda industrial.

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Unilabor

A Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais (SAGMACS) produziu estudos e planos para dezenas de cidades, assim como para alguns estados brasileiros, como São Paulo e Paraná. Assim, o movimento econômico e humanístico trabalhava de diversas formas por uma nova sociedade, na qual o centro de seus objetivos era a libertação humana. Daí a aproximação às correntes artísticas modernas, especialmente o concretismo de Geraldo de Barros, com seu resgate da importância ética e da dignidade incutida nas propostas modernistas.

Os ideais e debates levantado pelo Ruptura ascende as chamas de novos ideias muitos deles culminaram no neoconstrutivismo e de novas problemáticas. Preocupado com o papel social do artista e com as possibilidades de uma arte feita para atingir um público mais amplo ganha corpo em 1954, quando ligado a um grupo socialista, funda com o Frei João Batista a Unilabor, cooperativa que fabrica móveis, mantém escola de arte infantil e posto de saúde. Bastante ligado ao design e um tanto afastado da pintura, em 1957 funda com Wollner e Rubem Martins, a Form-Inform, escritório de design onde cria diversas marcas e logotipos.

A Unilabor, começou como uma pequena fábrica de móveis que existiu entre as décadas de 1950 e 1960, auge do período modernista brasileiro e se propôs o desafio, essencialmente, da busca da superação do trabalho alienado de seus operários através do uso da arte. O projeto da Comunidade de Trabalho Unilabor é fundamentado nos princípios do grupo católico Economia e Humanismo, criado na França, em 1941, pelo padre dominicano francês Louis-Joseph Lebret. O movimento propõe o envolvimento da Igreja em questões econômicas com o objetivo de criar soluções efetivas para as desigualdades sociais geradas pelo sistema capitalista industrial. 

A Unilabor, começou como uma pequena fábrica de móveis que existiu entre as décadas de 1950 e 1960, auge do período modernista brasileiro e se propôs o desafio, essencialmente, da busca da superação do trabalho alienado de seus operários através do uso da arte. O projeto da Comunidade de Trabalho Unilabor é fundamentado nos princípios do grupo católico Economia e Humanismo, criado na França, em 1941, pelo padre dominicano francês Louis-Joseph Lebret. O movimento propõe o envolvimento da Igreja em questões econômicas com o objetivo de criar soluções efetivas para as desigualdades sociais geradas pelo sistema capitalista industrial. 

A unilabor chama atenção pela pela interdisciplinaridade e pela variedade de temas que aborda nas áreas da arquitetura, história social e mobiliário. Também pela peculiar história de surgimento dessa fábrica que visava romper os parâmetros com os interesses essencialmente capitalistas que se difundiu com o advento das multinacionais. Porém, vale salientar que o projeto social da Unilabor está voltado para a melhoria das condições de vida e de trabalho da classe operária, e não para a produção de móveis de boa qualidade a preços populares. Isso acabou refletindo na sua clientela que era essencialmente formada por uma classe média alta sendo os móveis em sua grande maioria inacessíveis às camadas sociais de baixa renda. 

CLARO MAURO. UNILABOR: DESENHO INDUSTRIAL E A ARTE MODERNA E A AUTOGESTÃO OPERARIA. SÃO PAULO. EDITORA SENAC SÃO PAULO, 2004.

GERALDO de Barros. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa6490/geraldo-de-barros>. Acesso em: 29 de Nov. 2019. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

UNILABOR . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao481676/unilabor-sao-paulo-sp>. Acesso em: 06 de Nov. 2019. Verbete da Enciclopédia. 

© 2019 pelo Grupo7. Criado orgulhosamente com Wix.com

Texto redigido por Renan Felipe Pereira de Oliveira para a disciplina Introdução ao Estudo do Design – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Departamento de Artes – Bacharelado em Design – Novembro de 2019

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